segunda-feira, outubro 31, 2011

Bem-vinda, Narguiss

Olá, sete mil milhões!
Bem-vinda a esta terra, Narguiss!

Porque havemos nós de pagar o que outros embolsaram?

Alguns jornais e até mais o Correio da Manhã (curiosamente?) têm denunciado casos de desvio de dinheiros e de corrupção. 
O Expresso afirma que ainda precisamos de mais 25 mil milhões (não confundir com 25 milhões). O que se perde com os subsídio de Natal e outros, não chegam para nada disso.

Mas o Rui Soares ganhou milhões que não poderia ter ganho e vai ficar com eles...
Isaltino de Morais é acusado de ter recebido perto de meio milhão em luvas. Vai ficar com o dinheiro?

Afirma ‎o economista americano Joseph E. Stiglitz que "Socializámos as perdas e privatizámos os ganhos": Isto nem é capitalismo nem economia de mercado, é uma economia distorcida"

O Duarte Lima fugiu por ser acusado de crime de morte. E o dinheiro que desviou e o que "pediu emprestado" ao BPN? Vai ficar com ele?



E o BPN?

Vamos aceitar isto? E que mais vamos nós aceitar? A miséria?

sábado, outubro 29, 2011

Será possível existir tanta corrupção sem existirem crimes de morte?

Escrevi aqui, em 2010, um post com este título


PARA VER, CLICAR AQUI: Será possível haver tanta corrupção sem haver crimes de morte?


A resposta só pode ser não. E agora constatamos isso.
É claro que os mais angélicos dirão que não tem nada a ver uma coisa com a outra, o Duarte Lima pessoa, já indiciado por tantos crimes e o mesmo Duarte Lima político, ávido de dinheiro ao ponto de matar uma senhora... incriminando outra.

Só se esquecerem que este Duarte Lima político foi um importante político português, que contribuiu, com muitos da sua laia, para o buraco em que nos encontramos. E que vai ser pago, não pelos multimilionários que enriqueceram à nossa custa, mas por todos nós, incluindo os mais pobres, que pagam o pão e o leite com um IVA insuportável, para além do preço já alto dos cereais...


Nem era a Duarte Lima que eu me referia quando escrevi esse e outros posts do mesmo género. Referia-me à imensa quantidade de dinheiro desviado: os que se opusessem, os que descobrissem e considerassem a hipótese de denunciar os crimes... mas falamos de brandos costumes. Tão ingenuamente...

quinta-feira, outubro 27, 2011

Divani, a Festa das Luzes, ano de 5772

(Foto extraída da net)


Começou ontem na Índia  a Festa das Luzes, que marca o início do novo ano e celebra a vitória do bem contra o mal, da luz contra a escuridão, o nascimento da nossa luz interior, que nos traz paz e alegria. É comemorado por Hindus, Sikhs, Jains (da Índia) e ainda pelos Budistas do Nepal.
Celebra também Lakshmi, a deusa da prosperidade e da beleza.
A data é variável, começa na lua nova ou cheia,  entre Outubro e Novembro. 
Inicia-se agora, para todas essas religiões, o ano de 5772.


Vestem roupas novas, oferecem bolos e acendem muitas velas e lamparinas. A celebração dura 10 dias, sendo mais importante o último, em que lançam fogos de artifício. A família junta-se nesta ocasião e trocam-se votos de prosperidade, paz e alegria.

                                     

Fica aqui expresso o voto,  para todos os que lerem este post, de prosperidade, paz e alegria. Que  a vossa luz interior se ilumine, extinguindo a escuridão! Para sempre! :)

segunda-feira, outubro 24, 2011

Onde começa a corrupção e onde acaba a cauda das caudas

Ver esta notícia: clicar por cima:

Plágio alastra nas universidades portuguesas

Citando: "E há até quem faça teses a troco de alguns milhares de euros."

Nem vamos tão longe. Toda a gente copia e toda a gente acha normalíssimo copiar. Que leis temos contra esta actividade (copiar), que nem tem propriamente um nome?

Sim, a notícia do Expresso é verdadeira: a mim, foi-me proposto fazerem a minha tese por 1000 euros. Como eu andava com falta de tempo para a elaborar... Coisa chata: a tese do criaturo que me levava 1000 euros, não foi aceite... problema dele: o meu teria sido ter perdido os mil euros e ainda chumbar. O que, provavelmente, aconteceu a muita gente. Mas não a toda a gente.

E ainda existe o copiar, por exemplo.
Lei francesa: quem for apanhado a copiar no Bac, exame correspondente ao do 12º, é julgado. A pena pode ser ficar 5 anos sem poder realizar nenhum exame, incluindo o da carta de condução. A pena máxima, provavelmente não aplicável por obsoleta, é ser interdito, para sempre, de fazer exames.

Temos demasiadas leis, mas ainda não temos as suficientes. O que acontece em Portugal, a quem for apanhado a copiar no exame do 12º? Nada, claro.

Sim. Quem tem problemas em Portugal são só os bons. 
Os que não copiam ficam atrás dos que copiam. 

Os fraquitos e que copiam, têm 10, depois de terem tido negativa, mas... tadinhos...
Os muitos bons nunca têm 20. Os bastante bons raramente têm 18 ou 19...
Os que não sabem ler, entre aspas, têm 11 ou 12...
E asim é espoliado este país, enquanto muitos são apanhados distraídos,  a trabalhar... e talvez nem percebam que muitos, muitíssimos, não fazem nada e ficam à frente. Pelas razões que acabo de explicar e por muitas outras.

E sobretudo, pela mentalidade.

domingo, outubro 23, 2011

Palhaço Rico

O palhaço rico atravessa a pista do circo ou o écran da televisão
(O que é agora a mesma coisa)
E confessa:

"Eu confesso!" "Não, eu não confesso!
Antes direi, por mim, a verdade relativa:
Perdi a virtude, a honestidade, a fé...
Quem as não perde?

Com este dinheiro que ganhei, pude comprar muitas coisas
E todos me admiram por eu ter muitas coisas

Sou rico! Sou um palhaço... Que importa?
Todos se riem de mim, mas todos me admiram, no fundo.

Tanto foi o que perdi, pobre de mim...
Ninguém me ama, todos me desprezam
Fiz aquilo que todos fazem, mas muito melhor:
Entre os palhaços ricos, há-os muito menos ricos do que eu...

Vejam estas coisas que eu tenho, eu tenho tantas coisas:
Anéis, jóias, carros, casas, barcos, jardins,
Tudo isto ganhei com o suor do meu rosto,
Com a vergonha da minha cara, que perdi.

Se é de ouro falso que tudo em mim rebrilha
Que importa?
Eu tenho muitas coisas, tenho tudo o que é preciso
E muito mais

Sonhar, já não sonho a não ser a dormir
Realizei todos os meus sonhos... essa é a parte chata da questão

O que posso desejar ainda, me perguntareis vós:
Ser mais rico e mais palhaço ainda
Fazer rir toda a gente e mostrar as minhas coisas

Fazer rir às gargalhadas, para sempre
E chorar por dentro...
(Os palhaços também choram, sabiam?)
Porque perderam a ilusão e o sonho,
Porque todas as coisas são demasiado coisas e envelhecem

E existirão todas elas depois de mim, pertencendo a outros
Eu, pobre palhaço rico, chorarei então por dentro e por fora,
Pois já nada me pertence:

Tudo o que eu sou, comprei.
Tudo o que poderia ter sido, vendi.
Tudo o  que não fui, o que poderia ter sido... esbanjei.


             Graciete Nobre, Lisboa, Fevereiro de 97

(Outubro de 2014: Escrevi este poema em 2011 e detesto-o. Mas não o apago, porque cada vez é mais verdadeiro.)

sábado, outubro 22, 2011

Caríssimo(a) Calafona(*):
Acabo de alterar e melhorar, neste blogue, setembro de 2006, em sua honra.
Pus quase tudo azul. E acrescentei as etiquetas, tags, que ainda não existiam.
Por ser você o melhor freguês / ou a melhor freguesa.
LOL!


(*) Calafona: pessoa que vive na Califórnia. (Português popular dos Açores).
Olá novo "freguês" do blogue, um brasileiro chamado Gonçalo. Que gosta do Sporting. Seja bem vindo.

Parvos somos nós: num país onde nada funciona

Estamos nesta situação de fazer parte dos PIGGS (tradução porcos), aqueles que têm uma dívida medonha, que vivem das dívidas, talvez pela nossa mentalidade e pela nossa educação.
Muitas vezes ouvi criaturas que foram espancadas na infância, dizer: se o meu pai não me tivesse espancado, eu não era o homem que hoje sou. Pai e filho já morreram, mas nunca foram grande coisa, nem um, nem o outro.
Não se trata de espancar, trata-se de impor regras e limites. 
Regras éticas. Dizer aos outros que é melhor para eles mesmos fazerem isto ou aquilo, como se faz muito com as crianças, como dizem os professores, que não têm autoridade nenhuma, é o contrário da ética: é melhor para os outros que tu faças isto ou aquilo. "E que ganho eu com isso?" - Respondem, perguntando...

Tive, em tempos, um editor que me prometeu traduzir os meus livros para várias línguas, publicá-los em várias línguas, desde que eu lhe desse o exclusivo das minhas obras todas. Chateava-me quase todos os dias com isso, chateava e levava-me a chatear com ele todo o mundo, tradutores, encenadores de teatro, produtores, marcava o lançamento da obra para o mês que vem, adiava para o mês que há-de vir. Neste entretanto, não publicava nada, nem da minha autoria nem de outros autores. Quando o deixei, muitos anos depois e após ter eu perdido inúmeras oportunidades, sentiu-se um mártir.

Mas acontece o mesmo com os trabalhadores das obras. Contratamos, no verão, um tipo para nos reparar o telhado. Vai adiando porque é verão, depois é outono, mas está bom tempo, depois já está a chover torrencialmente e ele diz-nos: arranje outra pessoa para fazer o trabalho.
No telhado. Sim, trabalhar no telhado é perigoso. Aceita-se o trabalho para o caso de não haver mais nenhum. Empata-se o freguês até chover.

É claro que estas pessoas não passam faturas, não pagam impostos e às vezes nem têm carta de condução, mas tudo bem... qual é o problema?  E assim ficam, impunes, a rir dos "ingénuos" e parvos que fazem o que deveriam... mas ninguém quer ser ingénuo. Muito menos parvo. Pois não? E estes pais passam para os filhos esta ideia. Esta esperteza saloia.

E há aquelas pessoas que metem atestados, físicos e psiquiátricos, que ficam anos e anos sem trabalhar, ou a trabalhar pela metade, mas que são consideradas pessoas normais e, o que é mais grave, vulgares. Não há pessoas vulgares com problemas psiquiátricos. A não ser que acreditemos em tudo o que nos dizem...

Numa sociedade em que quase todos aldrabam... como se sentem aqueles que têm senso moral e ético?

- PARVOS!!!

E, para não parecerem idiotas, deixam-se levar. Esmagando os que não são medíocres. Rindo-se deles mesmos. Marginalizando os mais inteligentes, os mais cultos, os mais honestos... 

E os que hoje estão a ser trucidados pela crise, não são os piores, necessariamente. São os piores e os melhores. Sobram os medíocres.

(Continua em próximos posts, não necessariamente no próximo)

quinta-feira, outubro 20, 2011

Pedro Passos Coelho? Coelho do Monte?

Nos últimos tempos tenho andado muito calada, por pensar que esta catástrofe, hecatombe, terramoto político (a) (os) (as) era, seria talvez inevitável.
Mas há demasiadas incongruências e a suspeita, óbvia, de que tirar o pouco dinheiro dos portugueses não contribui para desenvolver a economia do país, que vive do consumo interno, antes de viver das exportações. E além disso, quem vai comprar produtos portugueses, mais caros, se paga impostos incomportáveis e perde 20 por cento dos vencimentos? 

Então, vejamos:
1º - Uma notícia "engraçadíssima": 


2º - Um post do blogue Aventar, que recolhe, em vídeo, as "pequenas" contradições entre o discurso e a prática de Passos Coelho. (Ao qual só censuro a mania dos títulos em inglês).

Pedro Passos Coelho – Best of 2010-2011


E segue o dito vídeo, que também poderão encontrar no Youtube. Quando é o Presidente da República a criticar esta nova política, muito recessiva...

Esperança no futuro: A passagem do tempo: velhice?


Este britânico nascido na Índia começou a correr a Maratona aos 89 anos. Agora, que fez 100, acaba de completar a de Toronto, no Canadá. Demorou 8 horas e tal, mas não foi o último a chegar à meta. Corre 16 kilómetros por dia.
(A propósito: nós consideramos portuguesa uma pessoa com este aspecto e que nasceu na Índia? Não? Porquê?). 
Bem, nem o nosso Manoel de Oliveira faria isto, apesar de ser só um pouco mais velho.
E acaba de morrer, com 110 anos, o grande psicanalista Lacan, em plena posse das suas faculdades psicanalíticas e filosóficas.
Todas estas pessoas estão (no último caso, esteve até agora) perfeitamente lúcidas e em forma física.
e não venham agora dizer que antigamente as pessoas duravam mais. Nunca as pessoas tiveram tanta longevidade. Como agora. 

segunda-feira, outubro 17, 2011

Mafra - tudo em grande, como agora





Quando D. João V encomendou um daqueles enormes carrilhões, os mensageiros vieram contar que os fabricantes tinham dito: "o vosso rei não tem dinheiro e portanto, não tem prestígio". Como resposta a esta afronta, o monarca decidiu então encomendar, não um, como tinha previsto inicialmente, mas dois carrilhões. 
Não havia dinheiro, mas tudo bem... o povo que pagasse... e depois apareceu o ouro do Brasil... pode ser que nos apareça petróleo...

domingo, outubro 16, 2011

Revolução

Protestos planetários, com imagens


CLICAR AQUI


Filósofa e activista de 95 anos, Grace Lee Boggs, apoia a "Revolução". Já viu muitas.


American Revolutionary - Indiegogo 09/1/11 from American Revolutionary on Vimeo.

Os PIGS que paguem

O dinheiro das contas públicas, até agora, chegou para todos. Foi um fartar vilanagem, mas nós estávamos muito satisfeitos a gastar a parte que chegava para nós. Agora não chega.
Portugal é designado como pertencendo ao grupo dos Piigs (porcos) Portugal Irlanda Itália Grécia e Espanha. Esta designação é  a melhor maneira de combinar aquelas letras, mas também exprime a ideia de que os nossos problemas específicos derivam da corrupção. Digamos que os países do sul têm uma grande corrupção. Mas a Irlanda não é do Sul. Que têm todos estes países em comum? 
- A religião católica.
Será que a religião católica permite, ou até mesmo, fomenta a corrupção?

Agora vê-se para onde foi o dinheiro e é provável que os responsáveis acabem por ser responsabilizados. Há quanto tempo digo eu no blogue que é necessário meter na cadeia esta gente que tem estado no poder? Uma seguidora do Terra Imunda, que vive em França, diz que este blogue tenta agitar, acordar as pessoas... o título diz tudo, não?

Duas notícias fazem a actualidade neste aspecto (clicar por cima)

383 milhões em offshores


Vocês não achavam estranho que Sócrates estivesse sempre satisfeito e bem disposto, quando tudo corria mal? Talvez porque, para ele, isso significava que estava tudo ótimo?

Médico da Caixa ganhou 800 mil euros num ano


É claro que um médico da caixa não pode ganhar isto, mas, por que razão não foi detetado antes? Quantos mais haverá, em situações idênticas, médicos e outros de outras profissões? Para quem vai o dinheiro que agora nos falta? Tanta miséria em Portugal e tanta inexplicada riqueza! Que até faz questão de se exibir, mesmo em tempos de crise!

Há males que vêm por bem. É indigno que esta falta de moral em relação ao dinheiro seja uma norma no nosso país. E até há um ditado popular que o diz claramente:
"O dinheiro não tem cor".

sábado, outubro 15, 2011

Festa do Cinema Francês

Passou hoje um ótimo filme:

 Premières neiges de Aida Begic


VER AQUI

Também deve ser muito interessante um filme chamado a Fonte das Mulheres

LA SOURCE DES FEMMES de Radu Mihaileanu

Lisboa - 15 de Outubro




Uma manifestação alternativa, com bandeiras alternativas, como esta da LGTB, em vez das bandeiras partidárias.

Manifestação de 15 de Outubro


Vamos à festa da democracia. Hoje às 15 em Lisboa.
Participam ‎951 cidades, em 82 países. Começou no Oriente. Japão, Austrália, etc. Acompanhando o dia.

Depois ponho fotografias.

sexta-feira, outubro 14, 2011

Unhas encravadas e religião católica: mais uma história do Diário de Bordo

Como contava no post anterior, sendo eu uma mártir das unhas encravadas, logo pelos 10, 11 anos, vivendo numa vilória de província, no Norte, nada mais natural que ir ao hospital com as unhas e os dedos feridos de maneira esquisita. Ver fotos no Google. 
O médico, simpático e que gostava muito de mim, não viu outra solução que não arrancá-las. É claro que tentou a anestesia. Mas não pegou. Foi chato. Só não pareceu uma tortura chinesa pela simpatia do doutor.

Mas tudo isso foi pouco, direi mesmo irrelevante, comparado com o que se lhe seguiu.

Nos meses seguintes, foi necessário fazer curativos regulares. Até voltarem a crescer, o que demora muitíssimo tempo. Ora, a melhor enfermeira lá da terra, segundo alguns, a única boa segundo muitos outros, era a madre superiora das freiras, a irmã Matilde. Para além de ser o terror dos doentes. E que se tornou no meu maior pesadelo, até hoje.


Começou logo por me falar na Santa Teresinha do Menino Jesus. Que entrou para o convento aos 14 anos, embora não fosse permitido professar nessa idade tão jovem. Cortou curtos os cabelos loiros, o que era impensável na época e tanto fez e tanto andou, que conseguiu.
Como ainda me faltavam a mim uns anos para os 14, ainda tinha muito tempo para imitar a santa... Se eu ria ou sorria destes projectos que tinha para mim, de fazer de mim uma "grande mulher" nas suas palavras, ela ia logo buscar as pinças e as tesouras e os minutos seguintes eram do pior que vocês possam imaginar.
A santa Teresinha tinha o costume de beijar as imagens de Cristo e o cálice da missa, mas a patena, que é um pratinho de colocar a hóstia, só a beijava a alguns centímetros de distância, tal como eu deveria fazer.
Quando, por acaso, me atendia depois de ter dado as injecções aos doentes internados, punha as seringas todas numa mão, com o bico virado para mim e vinha atrás de mim, fingindo que mas vinha espetar todas. Depois dizia: "estás pálida de terror".
Fui obrigada a ler a biografia da santa. Era um daqueles livros a que é preciso cortar as folhas antes de ler. Era tal o meu pânico da criatura freirática, que consegui lê-lo todo sem cortar nada.
Imaginem o que passei quando lhe entreguei o livro intacto e ela não acreditou que o tivesse lido!
Eram assim as servas do senhor. Pelo menos algumas. Talvez muitas.
Se estas mulheres eram esposas de Cristo, era caso para Cristo pedir o divórcio. As esposas deixavam-no ficar mal perante a comunidade.

segunda-feira, outubro 10, 2011

Por que será que algumas pessoas gostam disto?

Creio que uma das atracções deste blogue (para quem vem cá regularmente) é o meu gosto por contar histórias. A Teresa anda sempre a dizer que eu deveria escrever um livro com as histórias que lhe conto logo pela manhã...

Esta é verdadeira, como muitas outras.

Numa pequeníssima aldeia que conheço, em que só havia um café, havia uma mulher que gostava muito de beber. Mas parecia mal uma mulher beber uma quantidade de álcool superior à dose normal, digamos, nessa época, um ou dois copos de vinho a cada refeição. Cheios. E grandes. Isto foi mudando, claro. 

Então, todas as noites acontecia o seguinte: a mulher entrava no café, pedia um cálice de aguardente, punha um pé em cima de uma cadeira, bebia-a dum trago, pigarreava e finalmente dizia:

- Nunca percebi por que é que alguns homens gostam disto!

Como era a única mulher a frequentar o café, mesmo de dia era suposto as mulheres serem recatadas e ficarem em casa, se não andavam nos campos... os homens riam-se muito deste inusitado espectáculo diário.


E agora fui eu que fiz a  mesma pergunta a respeito das malaguetas. Comprei uma caixinha delas, frescas, parece ser o tempo delas, dizem os naturistas que fazem muito bem, tenho comido umas três a cada refeição e de cada vez que como uma, exclamo em alta voz, a benefício dos meus botões:

- Por que será que algumas pessoas gostam disto?

Mas fui ver à net e encontrei uma resposta satisfatória. 
É só uma questão de enganarmos o nosso cérebro: enviamos-lhe a  mensagem de que temos uma queimadura na boca e ele desencadeia uma série de reacções em cadeia. Entre outras coisas, produz endorfinas, que dão prazer e até mesmo morfina.

Como salivamos muito, limpamos a boca e os dentes, além de purificarmos o sistema digestivo.
Não há dúvida que o nosso cérebro sabe mais do que nós. Nada como enganá-lo, de vez em quando, para fugir à razão e para nos dar sensações esquisitas e boas... 

LOL

Para mais pormenores, CLICAR AQUI



sábado, outubro 08, 2011

Assine a petição a favor da democracia real

http://www.avaaz.org/po/the_world_vs_wall_st/?fcxXLab&pv=101
Apoie os manifestantes de Wall Street porque:
Eles representam  99% da população mundial
Você representa 99% da população mundial                                                                                        Nós somos 99% da população mundial
 
(Copiei do facebook este texto dos 99 por cento, mas, na verdade, os que não têm nada a lucrar e têm tudo a  perder com a crise mundial e com a corrupção mundial, são muito mais do que 99%. talvez 99,999999999999999999999999999999999999999999999999999).  Reparem que, se fossem 99 por cento, um em cem lucrava com  a crise, 100 em mil, mil num milhão, um milhão em cem milhões. Digo isto, porque tenho constatado que pouca gente tem um raciocínio matemático...   

Os dias e as horas: o tempo sagrado do Mundo

Dia 281, Ano do Senhor de 2011

Neste dia 281, do ano do senhor de 2011, Portugal está nesta situação: 

Uma coisa chamada Moodys, responsável por uma crise económica mundial, decorrente da corrupção económica mundial, mas sobretudo da corrupção económica dos Estados Unidos da América, dirige e comanda o mundo.

Essa coisa, chamada Moodys, decidiu que Portugal não pode pagar as suas dívidas, porque é: Lixo. Portugal igual a lixo. Dito em inglês: Trash. Junk. 

A mesma agência e outras agências, co-responsáveis pela crise crise económica mundial, decorrente da corrupção económica mundial, mas sobretudo da corrupção económica  dos Estados Unidos da América, decidiu, mais recentemente, que a Itália está muito perto do lixo, a França corre o risco de vir a ser lixo, enfim, a Europa é, ou será em breve, lixo. Junk. Trash.

Curiosamente (notar o advérbio despropositado), Portugal, Itália, França, etc..., pagam muitos milhões de Euros, a moeda europeia, a estas agências corruptas, para que elas avaliem o mundo inteiro. Para serem, esses mesmos países que pagam, avaliados como lixo ou próximos do lixo.

Neste ano sagrado de 2011, poucos acreditam que o mundo, como o conhecemos, vá acabar em 2012. 
Apesar de não acreditarem, têm muito medo. Todos receiam perder o que têm. O que é que têm?

Têm que desaparecem milhares de milhões de Euros ou de Dólares, pertencentes aos Estados, para aparecerem esses  milhares de milhões nas contas bancárias offshore de certos indivíduos, aumentando assim a diferença entre os que passam fome, os que ganham tanto como o que falta a um país, os que ficam a ver e acham que está tudo bem... ou que vai ficar melhor.

Neste tempo sagrado, todas as coisas que considerávamos sagradas correm o risco de se tornarem lixo, trash, junk, tal como a herança cultural que o mundo recebeu da Grécia, a herança cultural e humana que o mundo recebeu da Europa... por efeito de algumas pessoas que se sentem felizes, porque ganham imensas fortunas com o colapso do mundo dito, até agora, "civilizado".

Essa é talvez uma outra herança que a América (EUA) recebeu da Europa. Juntamente com a gripe e com a sífilis. A ideia do "salve-se quem puder". Porque, aparentemente, nada mais têm, para além daquilo que receberam. De bem e de mal. E até agora, só criaram Moodys e misturas de muitas coisas que receberam: coctails, que são misturas de bebidas criadas na Europa, hamburgers que são misturas de restos de carne, tudo muito bem picado, etc...

Nada contra a América e os Americanos, mas é natural que estejam a perder e que venham a ser trucidados por países com muito mais antigas tradições culturais: China, Índia, etc...


Neste ano sagrado de 2011, como são sagrados todos os anos e todos os dias e todas as horas do pouco  tempo que vivemos, quase ninguém acredita que o mundo, tal como o conhecemos, vai acabar em 2012. 
Apesar de não acreditarem, têm muito medo. Não querem que acabe... Receiam perder...

Mas, nesta hora sagrada de Noa,  do dia sagrado 281, Ano do Senhor de 2011, nos Estados Unidos da América, celebra-se já uma revolta. Que alastrou pelo país. Depois da Primavera Árabe, dos protestos na Europa, o Outono da América.
Tempos sagrados. Dos não muitos que nos restam para viver.

sexta-feira, outubro 07, 2011

Cristóvão Buarque, ministro do Brasil, sobre a internacionalização da Amazónia

Considerando que a Amazónia é o pulmão do mundo, que está a ser queimado, numa visita de Cristóvão  Buarque, ex-ministro e senador do Brasil, aos Estados Unidos, alguém teve a ingenuidade de lhe perguntar o que pensava sobre a hipótese, muito consensual, da internacionalização da Amazónia, de forma  a garantir, digamos, um controle imparcial. 
Cristóvão Buarque responde, entre outras coisas (excertos):

 "Se a Amazônia, sob uma ótica humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço. Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado"


"Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país."


Deve ser distração minha, mas ainda não entendi por que não encontro isto nos principais jornais. Censura? não deve ser... depois se vê.


P.S.: Por erro de sites brasileiros, que noticiam este facto, Cristovão Cavalcanti Buarque foi confundido com o cantor Chico Buarque.




quinta-feira, outubro 06, 2011

Tomas Tranströmer: Prémio Nobel da literatura 2011

FUNCHAL

O restaurante do peixe na praia, uma simples barraca, 
construída por náufragos.
Muitos, chegados à porta, voltam para trás, mas não assim 
as rajadas de vento do mar.
Uma sombra encontra-se num cubículo fumarento e assa 
dois peixes, segundo uma antiga
receita da Atlântida. Pequenas explosões de alho.
O óleo flui nas rodelas do tomate. Cada dentada diz-nos que
o oceano nos quer bem,
um zunido das profundezas.

Ela e eu: olhamos um para o outro. Assim como se trepássemos 
as agrestes colinas floridas,
sem qualquer cansaço. Encontramo-nos do lado dos animais, 
bem-vindos, não envelhecemos. Mas já suportámos tantas 
coisas juntos, lembramo-nos disso, momentos em que 
de pouco ou nada servíamos (por exemplo, quando esperávamos 
na bicha para doarmos sangue ao saudável gigante –
ele tinha prescrito uma transfusão).
Acontecimentos, que nos poderiam ter separado, se não nos tivessem 
unido, e acontecimentos
que, lado a lado, esquecemos – mas eles não nos esqueceram!
Eles tornaram-se pedras. Pedras claras e escuras. Pedras de 
um mosaico desordenado.
E agora mesmo acontece: os cacos voam todos na mesma direcção, 
o mosaico nasce.
Ele espera por nós. Do cimo da parede, ilumina o quarto de hotel, 
um design, violento e doce,
talvez um rosto, não nos é possível compreender tudo, mesmo 
quando tiramos as roupas.

Ao entardecer, saímos.
A poderosa pata azul escura da meia ilha jaz expelida sobre o mar.
Embrenhamo-nos na multidão, somos empurrados, amigavelmente, 
suaves controlos,
todos falam, fervorosos, na língua estranha.
“ Um homem não é uma ilha “

Por meio deles fortalecemo-nos, mas também por meio de 
nós mesmos. Por meio daquilo que
existe em nós e que o outro não consegue ver. Aquela coisa 
que só se consegue encontrar
a ela própria. O paradoxo interior, a flor da garagem, a válvula 
contra a boa escuridão.
Uma bebida que borbulha nos copos vazios. Um altifalante 
que propaga o silêncio.
Um atalho que, por detrás de cada passo, cresce e cresce. 
Um livro que só no escuro se consegue ler.

Tomas Tranströmer
tradução de Luís Costa

Prémio Nobel para o poeta sueco Tomas Tranströmer

LISBOA

No bairro de Alfama os eléctricos amarelos cantavam nas
subidas.
Havia duas prisões. Uma delas era para os gatunos.
Eles acenavam através das grades.
Eles gritavam. Eles queriam ser fotografados!

"Mas aqui", dizia o revisor e ria baixinho, maliciosamente,
"aqui sentam-se os políticos". Eu vi a fachada, a fachada, a fachada
e em cima, a uma janela, um homem,
com um binóculo à frente dos olhos, espreitando
para além do mar.

A roupa pendia no azul. Os muros estavam quentes.
As moscas liam cartas microscópicas.
Seis anos mais tarde, perguntei a uma dama de Lisboa:
Isto é real, ou fui eu que sonhei?

Tomas Tranströmer
tradução de Luís Costa

quarta-feira, outubro 05, 2011

Condecorações e medalhas

Ao ver as condecorações e medalhas que foram hoje atribuídas pelo Presidente da República, lembrei-me de um episódio que me dá sempre vontade de rir.
Ao entrar no bar Botequim, que pertencia a Natália Correia, ou tinha pertencido, mas isso são pormenores, reparei que, semi-ocultos por baixo de uma mesa, havia dois sacos de plástico, desses dos supermercados, cheios de qualquer coisa.
Num lugar daqueles, naquela hora nocturna, em que era suposto haver uma certa elegância, era inusitada a presença dos sacos de plástico, pelo que perguntei o que era aquilo.
Eram as as condecorações e as medalhas que Natália Correia tinha recebido até àquele momento. Como estava a ser preparada uma exposição sobre a sua obra, como não sabia o significado nem o nome das medalhas, levou-as para perguntar a alguém que entendia do assunto.
Dois sacos de plástico cheios de condecorações e medalhas, já um tanto envelhecias, as  fitas desbotadas e amarrotadas, via-se que não tinham sido particularmente estimadas. Debaixo de uma mesa...
Sempre me pareceu que Natália Correia tinha uma faceta anarquista. Bem ou mal, foi assim que entendi este episódio.

domingo, outubro 02, 2011

Quanta humilhação! Quanta coragem! Quanta bondade!

Tive, durante muitos anos, uma empregada de limpeza que também trabalhava para uma minha amiga. 

O marido esteve preso, a princípio condenado a 20 anos de prisão, mas tendo saído muito antes. Da última vez que foi detido, cumpriu 5 anos por ter roubado, para a sua carrinha, uma peça que custava 5 Euros. Mas, como lhe faltava cumprir 5 anos... Entretanto, foi libertado, trabalhou a carregar coisas e reformou-se. Durante todo este tempo, a senhora teve a minha chave e a das minhas amigas na sua casa e nunca nos desapareceu coisa alguma.

A dita senhora criou três filhos que "não deram nos estudos", mas que deram em tudo o mais, à custa do seu trabalho de limpezas e da reforma do pai do marido, que morreu entretanto. Já depois disso, o senhorio subiu-lhe a renda de casa, multiplicando-a quase por 10. Nesta ocasião, ainda o marido estava "dentro".

- Ó menina! Ele veio algemado ao velório da mãe e agora veio algemado ao velório do pai...! Que vergonha! Os meus filhos até fugiram quando o viram vir, com um polícia de cada lado!!! Os meus filhos não querem saber do pai, têm vergonha dele! (confesso que não fui ao velório, senão tinha visto isto).

- Porque não se divorcia?
- Ó menina, eu não sou casada! Era só o que me faltava! Ser casada!
- Então porque é que não se separa?
- Sei lá! Ele podia-me mandar matar!
- Ah!!! Ele trata-a mal?
- Não, menina! Ele trata-me bem. Era só o que faltava, se ainda por cima, me tratava mal!

Esta empregada de limpeza foi-se embora por causa da crise: muitas "freguesas" deixaram de poder pagar e ela arranjou um emprego a tempo inteiro, a ganhar mais e com todas as garantias. A crise foi para ela uma oportunidade. Disse-me que tinha pena de me deixar. Tinha medo que eu ficasse zangada por ela me deixar, ao fim de tantos anos. E que a tratasse mal por causa disso. 
- Mas eu ainda posso dizer que não aceito, percebe? O que acha? Aceito, ou não?

Quando lhe dei um rápido abraço de despedida, chorou. Um choro estranho, contido, disfarçado. Amargo. Um choro como eu nunca tinha visto. 
Um choro de quem muito chorou às escondidas. De humilhação. De vergonha. De coragem. De força de viver! De amor. De grande bondade! É assim o povo. Aquele que há-de vencer estes políticos e economistas... que têm o mundo a saque.

A explicar-me que ainda não sabia muito bem se havia de aceitar ou não a proposta irrecusável que lhe fizeram, sai-se com esta:
 - Ó menina, eu nunca liguei muito ao dinheiro.
Reflito e concluo: sim, é verdade, ela nunca ligou muito ao dinheiro... 
Nem os reis tiveram nunca esta régia liberdade. A de não ligar ao dinheiro...

sábado, outubro 01, 2011

Provérbios para a crise (continuação)

Guarda o que não presta, encontrarás o que precisas."

Como a minha mãe levava este provérbio um pouco à letra (Cuidado! Não levar à letra os provérbios), o meu pai inventou um novo:

"Guarda o que não presta, encontrarás o que não presta."

Este último parece mais verdadeiro, claro, mas também é verdade que hoje, que não no passado, se deitam fora coisas ótimas e se compram muitas outras em vez dessas. Uma senhora que trabalha em bibliotecas aconselhou-me a guardar as caixas dos sapatos para lhes retirar as tampas, para as meter entre os livros... numa biblioteca onde trabalho. "Graciosamente"...
- Ainda há caixas de sapatos? - Perguntei, espantada.
E não há dúvida que compramos caixas de papelão para substituir as embalagens que deitamos fora, etc... enfim. As que compramos são todas iguais, encaixam bem umas nas outras, mas, além de nos custarem dinheiro, custam energia. No mínimo.


Olá nova freguesa do blogue, uma brasileira chamada Cindinha. Suponho que veio cá para À procura de contos populares, não? Então, de posts sobre Fernando Pessoa?


Antigamente era tudo reciclado e reciclável. Agora vai tudo para o lixo.