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terça-feira, fevereiro 28, 2023

Art Nouveau e liberdade da mulher

A Arte Nova, ou Art Nouveau é dominada por três temas, designados por 3 fs: Fauna, Flora e Mulher (Femme). Talvez mais por esta última, porque até o mobiliário apresenta a estilização de formas femininas. 
Ainda dentro do tema Mulher, tanto a  Art Nouveau como a Art Déco trataram o tema da liberdade feminina, da condição feminina muito idealizada para a época: mulheres livres, seminuas, fazendo o que lhes dá prazer, cavalgando, dançando, etc. o tema é tratado sobretudo em pequenas esculturas, mas também em pintura e decoração de vasos. 

As fotos aqui presentes foram tiradas no Museu Berardo Arte Nova, aberto há dois anos em Alcântara. 























quarta-feira, outubro 20, 2021

Ai Weiwei: a fantasia

 


Uma constante em toda a exposição, “Rapture” é um pequeno barco cheio de pessoas (o barco só é pequeno por comparação com a quantidade de pessoas que transporta por mar, pois como objeto de exposição, há dois que são enormes e alguns que são minúsculos. 

Na imagem que aqui incluo, os refugiados são comparados aos apóstolos de Cristo, podendo ser interpretado que, quem segue no barco, é Cristo com os apóstolos.

O barco terá condições para uma viagem de poucas horas num mar calmo, não para a viagem de uma vida no oceano. Vê-se também, em algumas representações, que as pessoas pertencem a classes sociais, estatutos e profissões diferentes entre si. 

Do lado da exposição intitulado Fantasia há também um enorme painel, que ocupa toda uma parede, com desenhos de refugiados e desenhos que imitam os da antiguidade grega e romana. Quando representados por terra, são filas de pessoas carregando consigo uma pequena bagagem, embora pesada e que representa toda uma vida deixada para trás. 

Há uma parte menos interessante, deste lado da Fantasia, uma parede das grandes ocupada com fotos de monumentos importantes do mundo, a que se sobrepõe uma mão fazendo o gesto de mostrar o dedo do meio. Veem-se também muitas mãos com este gesto, ou apenas parte da mão, em objetos de madeira e barro. 

O enorme barco é feito de fios de vime, muito espaçados, dando lugar ao vazio. Vazio que, simbolicamente, ocupa um grande lugar nesta representação do espaço.

Dependuradas do teto, muitas imagens, estas sim, de fantasia, representando animais fantásticos ou figuras fantásticas e fantasmagóricas. 

Engraçadas também umas esculturas com cabeças de animais douradas, tendo em frente, do lado oposto, quadros com desenhos desses mesmos animais. são ao mesmo tempo reais e de fantasia, como se fossem figuras de contos de fadas.

Nas duas partes da exposição, vemos homenagens à arte antiga, ocidental e oriental, pois existem objetos inspirados na porcelana chinesa, nos desenhos em cerâmica grega, etc… 


O estranho título desta exposição, “Rapture”, tanto pode significar em português êxtase, como rapto.

Talvez seja um êxtase do lado da fantasia é um rapto, da parte da realidade.
















domingo, outubro 17, 2021

Ai Weiwei: a realidade


A exposição de Ai Weiwei, “Rapture”, agora presente na Cordoaria Nacional, está dividida em duas enormes partes com inúmeras obras cada uma: do lado direito, a afantasia, do lado direito, a realidade.

Comecemos pela realidade.

As obras que a representam, muitas vezes eivadass de fantasia, outras vezes mostrando a realidade no seu aspeto mais brutal, o chamado realismo, talvez mesmo hiperrealismo, vão desde vídeos, obras enormes, instalações até peças de ourivesaria, com aneis e pulseiras, havendo mesmo, em vídeo, a imagem de milhpes de sementes de girassol feitas em porcelana, por muitos artesãos. sim, muitas das peças não são feitas por Ai Weiwei, que apenas as concebe, encomendando depois a sua execução.

Esta parte da exposição é dominado por uma obra monumental representando so refugiados, tema constante da exposição, dentro de um bote de borracha e por uma série de enormes caixas, como contentores. O material em que é feito o bote e as imagens dos refugiados é o mesmo material de que são feitos esses botes. 

Quanto às caixas, elas contam a história de 81 dias em que o artista esteve preso, com dois guardas constantemente  a olharem para ele, mesmo qando estava a dormir, a comer, ou mesmo a usar a imunda casa de banho da cela.

Espreitamos por uma pequena janela e vemos isso mesmo: uma imagem muito realista de Ai Weiwei e de dosi guardas de pé, a olharem para ele. Subindo a um pequeno estrado, espreitamos por uma outra abertura e vemos a casa de banho, com grandes pormenores de sujidade e de ferrugem, tudo um pouco mais pequeno do quea  realidade, só um pouco.

Vemos um campo de refugiados em vídeo, salientando as condições de insalubridade e logoa  seguir belíssimas porcelanas chinesas inspiradas nas antigas, em vasos sobrepostos que apresentam temas pintados de refugiados. O mesmo tema ocupa toda uma parede de desenhos na parte da realidade, a  preto e branco e outra enorme parede na parte da fantasia, em tons de azul. E ainda um anel de ouro, ou revestido a ouro. 






                                          



sábado, outubro 16, 2021

Exposição Ai Weiwei: um bicho de seis cabeças


A exposição de na Cordoaria Nacional, "Rapture", mostra uma grande parte da obra deste artista chinês dissidente, Ai Weiwei.

Poderá alguém não gostar por razões ideológicas, mas, a não ser isso, a exposição é uma muito agradável e muito grande, enorme, surpresa, tanto em dimensão como em originalidade.. 

Divide-se em duas partes: para o lado direito a fantasia, que contém muito de realidade, para o lado esquerdo a realidade, que às vezes é simplista é bruta, outras vezes contém muito de fantasia. 

O tema geral é os refugiados. Não é o único, é o principal.

Vou dividir este tema em três posts do blogue. Introdução, que é este, Realidade e fantasia.

Comecemos pelo pior: A realidade, no próximo, depois, num terceiro, a fantasia.

sexta-feira, agosto 27, 2021

As esteticistas sado-masoquistas ou talvez apenas sado...



Pintura "La chasse aux papillons" de Berthe Morissot

Sabemos que as mulheres têm terríveis inseguranças quanto à sua aparência física e quanto ao seu papel no mundo e isto é para não falar de outros terrores femininos.

Enquanto as feministas e os psiquiatras as tentam livrar  destes horrores, as esteticistas, também muito femininas, exploram tudo isso, com resultados in cash.

Telefonaram-me a propor uma limpeza de pele por um preço módico, alegadamente promocional. Como precisava de fazer uma, aceitei.

A rapariga, amorosa, falou durante uma hora e meia, pondo na lama da rua a minha pele e a minha aparência. Fotografou-me o rosto de vários ângulos, ampliando os aspetos piores. O resultado não parecia eu e sim uma espanhola com 89 anos, injustamente electrocutada numa prisão dos Estados Unidos da América. Cada ruga era um rio Amazonas, ladeado de perto pelo rio Nilo e pelo Grand Canal de Veneza.

Muito infeliz, lá me submeti ao tratamento, de 20 minutos e a mais outras tantas fotos. 

A rapariga foi muito simpática até me mostrar as fotos do antes e do depois, dizendo eu que gostava mais da primeira: nesta, eu tinha um ar ingenuamente alegre, na segunda, tinha o aspeto de uma prisioneira política submetido a tortura, a qual incluía muitas dores nos dentes provocada pela trepidação do aparelho e tortura psicológica. Você tem chumbo nos dentes? Chumbo, eu? Porcelana, talvez… 

A senhora ficou ainda menos simpática quando eu lhe disse que não saía de lá sem ela apagar à minha frente, todas as fotos. Sim, eu apago depois. Agora! 

Finalmente, propôs-me um tratamento feito por mim em casa, com os aparelhos emprestados, alugados, pela módica quantia de 4 mil euros, menos um cêntimo. É claro que eu podia pagar em 24 meses, 250 euros por mês, o que daria, se fizéssemos as contas, mas não fizemos, 6 mil euros. Menos um cêntimo, claro.

Convenho até que o tratamento parece dar resultado, mas, se eu fosse mais insegura ou mais vaidosa (pecado ou virtude que nunca tive) teria imediatamente assinado aquela dívida. Pensar e responder depois é alternativa que não existe, é tudo baseado nas compras por impulso. 

Se lermos as reclamações, da DECO e outras, veremos que muitas mulheres assinam contratos destes, apesar de não terem como os pagar, mas não existe piedade quando é para receber…

É uma clínica muito chique e muito bem situada, que deve estar com a corda na garganta por causa do Covid. Fazemos nós o tratamento em casa, não precisamos de lá ir e pagamos só 5 999 euros. Vale tudo…

Mas pelo ar da rapariga, parece que não resulta muito: E não me faça perder tempo dizendo que vai perguntar a opinião da sua dermatologista, não vai nada! Eu vi logo que você não é do género de perder tempo a fazer estas coisas todas! E olhe que não são 4 mil euros, olhe que é menos, gritava ela por fim, já fora de si.



segunda-feira, agosto 16, 2021

A verdade saindo das águas














 



A verdade saindo das águas é o tema de muito belas pinturas. Como estas.

O tema baseia-se numa parábola da época, século XIX: A mentira convenceu a verdade a banharem-se nuas num poço. A mentira saiu, vestiu as roupas da verdade e fugiu. A verdade saiu do poço nua é assim perseguiu a mentira pelas ruas. O povo criticou a verdade por andar nua e homenageou a mentira, vestida com as roupagens da verdade. 

As primeiras quatro pinturas aqui apresentadas, com a verdade muito zangada ou muito abatida, são da autoria de Jean-Léon Gérôme. A primeira representa-a a sair do poço com um chicote para castigar a humanidade.

As duas seguintes, representando a verdade em pose de triunfo, são de Edouard Bernard Debat-Ponsan.

A última é de Paul-Jacques-Aimé Baudry.



segunda-feira, outubro 12, 2020

Louise Gluck - Paisagem 3




Jean François Millet "Les Glaneuses" ou "as Respigadoras"


Louise Gluck, escritora que ganhou o Prémio Nobel 2020, escrevendo sobre a atualidade e inspirada na mitologia grega.

"Paisagem/3
Nos fins do outono uma rapariga deitou fogo
a um trigal. O outono
fora muito seco; o campo
ardeu como palha.
Depois não sobrou nada.
Se o atravessávamos, não víamos nada.
Nada havia para colher, para cheirar.
Os cavalos não compreendem –
Onde está o campo, parecem dizer.
Como tu ou eu a perguntar
onde está a nossa casa.
Ninguém sabe responder-lhes.
Não sobra nada;
resta-nos esperar, a bem do lavrador,
que o seguro pague.
É como perder um ano de vida.
Em que perderias um ano da tua vida?
Mais tarde regressas ao velho lugar –
só restam cinzas: negrume e vazio.
Pensas: como pude viver aqui?
Mas na altura era diferente,
mesmo no último verão. A terra agia
como se nada de mal pudesse acontecer-lhe.
Um único fósforo foi quanto bastou.
Mas no momento certo – teve de ser no momento certo.
O campo crestado, seco –
a morte já a postos
por assim dizer."
*Terceira parte do poema “Landscape”, de Averno (2006), traduzido por Rui Pires Cabral. Os versos foram publicados no n.º 12 da revista Telhados de Vidro, da editora Averno, em maio de 2009

domingo, outubro 11, 2020

Louise Gluck

 


Circe de Wright Barker, 1889

Louise Gluck: lúcida, clássica e moderna, vendo o nosso tempo sob inspiração da mitologia grega.

O Poder de Circe
Nunca transformei ninguém em porco.
Algumas pessoas são porcos; faço-os
parecerem-se a porcos.
Estou farta do vosso mundo
que permite que o exterior disfarce o interior.
Os teus homens não eram maus;
uma vida indisciplinada
fez-lhes isso. Como porcos,
sob o meu cuidado
E das minhas ajudantes,
tornaram-se mais dóceis.
Depois reverti o encanto,
mostrando-te a minha boa vontade
e o meu poder. Eu vi
que poderíamos ser aqui felizes,
como o são os homens e as mulheres
de exigências simples. Ao mesmo tempo,
previ a tua partida,
os teus homens, com a minha ajuda, sujeitando
o mar ruidoso e sobressaltado. Pensas
que algumas lágrimas me perturbam? Meu amigo,
toda a feiticeira tem
um coração pragmático; ninguém
vê o essencial que não possa
enfrentar os limites. Se apenas te quisesse ter
podia ter-te aprisionado.
*Poema publicado originalmente na coletânea Meadowlands (1996), com o título “Circe’s Power”. Editado em Portugal na antologia Rosa do Mundo. 2001 Poemas Para o Futuro (2001), da Assírio & Alvim, numa tradução de José Alberto Oliveira. A antologia encontra-se atualmente esgotada

segunda-feira, novembro 25, 2019

Santo Estanislau Kostka, por Pierre Le Gros





A polémica estátua jacente de Santo Estanislau Kostka, pelo escultor Pierre Le Gros, 1713.

E, contudo, quanta beleza e quantos detalhes!!!

domingo, outubro 06, 2019

Descoberta pintura de Josefa de Óbidos









Este quadro de Josefa de Óbidos, ou Josefa de Ayala, pequenino, agora exposto no Museu de Arte Antiga, era desconhecido e foi descoberto recentemente num leilão na Alemanha. 
Representa uma cigana a ler a sina do Menino Jesus, no Egito, episódio bíblico. Todas as mulheres usam um chapéu de cigana, ou de egípcia...

Existem muitas outras imagens de Maria no Egito, usando um chapéu que também é atribuído, em imagem, às ciganas.
Durante séculos, cigano era sinónimo de egípcio ou mesmo de egipcíaco...

sexta-feira, julho 12, 2019

Sarah Afonso na Fundação Calouste Gulbenkian













Na Fundação Calouste Gulbenkian, está em exibição uma exposição de Sarah Afonso.
Encantada com a imagética do Minho, suas paisagens e seus costumes, Sarah representa a espontaneidade e a alegria, o colorido e a vivacidade da vida minhota.
Inspira-se nos bordados, nos ex-votos, fazendo ela mesma bordados com imagens.

Exposição: "Sarah Aofonso ea Arte Popular do Minho"

quinta-feira, julho 11, 2019

Arte Islâmica no Museu Gulbenkian






 







Foi inaugurada hoje na Fundação Calouste Gulbenkian uma maravilhosa exposição sobre a coleção de arte islâmica de Calouste Gulbenkian.  As imagens falam por si, sendo um pouco estranhas a nossos olhos pouco habituados a verem-nas, bem como os nosso ouvidos desconhecem as narrativas desta civilização.

A bela taça, provavelmente um vaso de beber, parece representar um poema sufi "A Conferência das Aves", pois apresenta imagens de várias aves. 
Esse poema conta que todas as aves do mundo se reuniram para escolher o seu soberano. Após uma difícil viagem por sete eles em busca de Simorgh, as 30 que sobreviveram veem-se refletidas nas águas de um lago e descobrem que são elas mesmas o soberano, pois Simorgh quer dizer trinta aves. 

Uma outra gravura, retirada, como outras, de um livro ilustrado, mostra uma tartaruga que realizou o seu sonho de voar. Dois patos selvagens levaram um ramo na boca e ela também se agarrou a ele com a boca. Quando passaram por cima de um multidão, ela queria tanto que a vissem voar, que chamou pelas pessoas. E assim, abrindo a boca,caiu.

Parece uma exposição das mil e uma noites.


sexta-feira, maio 24, 2019

Exposição Lisboa Plural, no Museu de Lisboa





O Museu de Lisboa, a parte situada no Palácio Pimenta, no Campo Grande, inaugurou uma exposição intitulada Lisboa Plural.
Lisboa Plural é a Lisboa, cidade mãe de cristãos, de mouros, de judeus, de escravos negros que cá nasceram ou que para cá vieram, de índios da Índia e de índios das Américas, que cá aportaram, talvez contra a vontade. 

Como se pode ver em muitas imagens desta exposição, estiveram cá e coexistiram todas essas pessoas. E onde estarão agora? Talvez na nossa pele...

A escravatura é algo que não devemos esquecer, por muito que nos apeteça dizer que não tivemos culpa nenhuma. 

Num poste antigo deste blogue sobre a abolição da escravatura, muitas pessoas se queixaram de se sentirem ofendidas, magoadas e tristes, pois dizer a verdade sobre o assunto é uma dor. 

Começa-se agora a tratar claramente o assunto e a mostrar, com imagens, o que foi esse tempo, o que foi a escravatura, o que foi o tráfico de escravos, o modo como essas pessoas sobreviveram, o heroísmo de que deram mostras, a miséria em que viveram, etc.

Tudo isto se vê na Exposição Lisboa Plural. Com visitas guiadas que nos apaixonam  por nos transportarem para outras épocas em que, apesar dos pesares, também existiu o amor, a alegria, a festa, a solidariedade de braço dado com a traição, enfim, a nossa pobre humanidade, comum a todos os povos.

A não perder.