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segunda-feira, maio 08, 2023

A coroação

 









Os novos reis de Inglaterra são feiitos e com uma ar nada majestático nem régio, mas as roupagens maravilhosas e o barulho das luzes tornam tudo deslumbrante.

Quanto ao povão inglês, nem sequer consegue chegar perto, mas sentem-se todos muito felizes vestidos de formas ridículas, por contraste com aqueles seres vestidos e coroados com milhões de libras, como querendo demonstrar que não pertencem à mesma espécie.

Entretanto, a polícia encarregou-se de meter na cadeia quem pensa e se exprime de modo diferente, como os republicanos e os ecologistas, num país que se gaba de ser democrático. 

Lol. Assim vai o planeta!

sábado, setembro 03, 2016

Vergonha, malícia e inocência: ainda sobre o burquini, burka e quejandos



Quando, em 1500, Pêro Vaz Caminha chegou ao Brasil, escreveu uma carta a D. Manuel, em que se mostra surpreendido com as pessoas que encontrou.
Embora andem nuas, não mostram vergonha nem têm malícia. O que o leva a concluir que são inocentes e que será fácil ensina-lhes a doutrina de Cristo.
Cinco ou seis séculos depois ( creio que 1500 ainda era século XV, sendo século XVI em 1501, voltamos a esta questão da malícia e da vergonha. 
Brincando com o caso dos burquini, alguns não conseguem disfarçar que o consideram mais decente do que o biquini, mostrando crianças ao pé de adultas nesta indumentária.
Mas é aí que reside a diferença. 
Conseguimos andar de biquini, ou nuas, sem vergonha nem malícia, sem corrermos o risco de um homem nos violar por não ser capaz de se controlar e isto, apesar de a nossa sociedade dar grande importância ao sexo e ao sex- appeal.

Por outro lado, a exibição desses espantalhos em burquini nas cidades e praias europeias é uma afirmação de uma política que nos é adversa e mesmo inimiga. 
Uma política em que não se separa o religioso do profano, a privacidade da promiscuidade, em que a polícia religiosa entra na casa das pessoas para ver o que estão a comer e a beber, ou se estão a comer quando deviam estar em jejum, etc.
Não se trata de liberdade religiosa, trata-se de aceitar a política dos inimigos da modernidade, do laicismo  das mulheres e dos inimigos do cosmopolitismo.

Mas sobretudo, são inimigos das mulheres.

sábado, janeiro 10, 2015

Patinir

Descobri a obra de Joachim Patinir na recente exposição da Goulbenkian sobre a história comum de Portugal e Espanha, que inclui objetos e retratos de pessoas que são comuns aos dois países (sobretudo os Filipes).

Fiquei deslumbrada com alguma peças: a escultura de  Isabel de Portugal, o relicário e a obra de Joachim Patinir, que aqui reproduzo.




Joachim Patinir (São Cristóvão com o menino - conjunto e pormenor)


Isabel de Portugal







Isabel de Portugal - esposa portuguesa do Imperador Carlos V


sábado, novembro 15, 2014

Conhece estes bonitinhos? Ver soluções



O quadro representa as pessoas que mudaram o curso da história. São 103, mas a inclusão de muitas delas é altamente discutível.

Já viu? Conseguiu identificar algum? Todos? Então agora veja as soluções :)


AQUI : É só passar o rato por cima e ver o nome. Clicando no nome, vai dar À Wikipedia.


VER também no Daily Telegraph



Obra criada pelos anteriormente pouco conhecidos artistas, chineses e de Taiwan, que nos dão a sua visão do mundo (são os 3 do lado direito, ao cimo, vestidos com roupas atuais, daí serem 103). 
Autores e pintura:

Dudu, Li Tiezi,  Zhang An.
Pintura a óleo: Discussing the Divine Comedy with Dante – 2006, 

segunda-feira, novembro 15, 2010

Datas: 1808, 1822, 1888

As datas importantes da história do Brasil são, no mínimo, impressionantes e muitíssimo fáceis de fixar.
No intuito de chamar a atenção para esse facto, que talvez possa ter interpretação simbólica, Laurentino Gomes publicou dois livros cujos títulos são, precisamente, 1808 e 1822. Estamos à espera do 1888...
1808 - A corte portuguesa muda-se para o Brasil, dando início à sua autonomia, que o levará à independência.
1822 - Independência do Brasil (Grito do Ipiranga)
1808 - Libertação dos escravos (abolição da escravatura).
(Poderíamos acrescentar 1500 - Descobrimento do Brasil)(Aparentemente por engano)

A contrastar com a solenidade e simbolismo das datas, alguns pormenores muito prosaicos: quem deu o grito de "Independência ou Morte" do Brasil, chamado o "Grito do Ipiranga", grito da independência do Brasil em relação a Portugal, foi, nada mais nada menos que o rei de Portugal, D. Pedro IV (Primeiro Imperador do Brasil, que então era ainda príncipe real). Tudo se passou nas margens do Ipiranga, um pequeno rio sem importância nenhuma, porque o dito príncipe estava com diarreia e interrompeu a viagem para se aliviar ali. Onde recebeu umas cartas que o irritaram.

O Brasil parece uma estranha mistura de imaginação, mito, sonho e realidade demasiado prosaica.
O livro 1822 lê-se com muito prazer. O outro não li. Ainda.
(E a propósito: Fernando Pessoa também nasceu em 1888 - foi um ano de boa cepa.). 

sexta-feira, julho 27, 2007

"O Império à Deriva"

Tenho lido e relido algumas coisas e deixo aqui algumas sugestões para férias.
"O Império à Deriva" de Patrick Wilcken. Ver entrevista


Não é um romance histórico, para variar, é mesmo história real, mas contada de modo aprazível. Alguns episódios são tão incríveis que nem podiam ser inventados, como este: à chegada ao Brasil, os que lá viviam esperariam ver uma corte europeia em todo o seu esplendor, mas o que viram foi bem diverso: a nossa rainha e muitas nobres da corte chegaram lá de cabeça rapada porque tinha havido uma praga de piolhos no barco em que seguiam.
Para além disso, muitos nobres (homens e mulheres) tinham fugido com a roupa que levavam no corpo e, como a viagem foi péssima, horrível, chegaram lá imundos e esfarrapados (e carecas). Viram-se mesmo na necessidade de pedir roupa e perucas emprestadas ao que já lá viviam. Enfim, o primeiro impacto não foi famoso e parece até que os brasileiros ficaram sempre com uma impressão horrenda dessa gente. Como o autor não é português nem brasileiro, a perspectiva é interessante e fiável. Acha, além disso, que foi um momento único e irrepetido da história do mundo, explicando porquê.

Ando a ler também, à mistura com outros, "O Terramoto de Lisboa e a Invenção do Mundo" de Luís Rosa. Isto segue mais ou menos a moda do romance histórico, mas as partes que se referem à realidade histórica são muito interessantes. O autor não resiste (sabe-se lá porquê) a tentar demonstrar que os portugueses são todos mais ou menos tarados sexuais, desde os reis e até aos bispos, passando pelo povo. Isto corresponde em parte à moda do romance histórico, que seduz desta maneira, mas este torna-se chato, porque parece uma tese sobre o assunto. Também corresponde à mentalidade comum e à ideia de que os portugueses foram por esse mundo fora a fazer filhos, embora não tivessem essa intenção, nem fosse essa a ideia; eu creio que era essa a ideia, precisamente, e acredito na castidade, não só motivada pela religião, mas mesmo por razões várias.
De qualquer modo, o terramoto de Lisboa foi algo de realmente grandioso, sobretudo porque se estava no verdadeiro início da sociedade da comunicação, com os jornais. (Estou a falar a sério). Foi falado em todo o mundo e aparece nas obras de autores russos, filósofos franceses, etc. E todos os lisboetas sabem de cor a data: 1 de Novembro de 1755.

Estou também a reler um livro que me agrada por razões puramente literárias, "O Menino de Areia" de Tahar Ben Jelloun e que encontrei num alfarrabista.
Narra a história, inteiramente fictícia e às vezes falada de modo poético, de uma mulher árabe muçulmana, que o pai decidiu, logo desde o nascimento, que seria um homem. Como já tinha sete filhas e era uma humilhação para ele não conseguir ter um rapaz, além de se perder a herança, que, segundo "O Alcorão" se transmite por via masculina, resolveu espalhar aos quatro ventos que tinha um filho, obrigando-a a viver uma existência falsa, mas que não lhe desagrada, uma vez que a coloca acima de todas as outras mulheres, incluindo as irmãs, a mãe e a esposa.